Segundo a entidade, o gestor tem adotado uma postura que criminaliza médicos e desconsidera as diferenças estruturais e funcionais entre UBSs, UPAs e policlínicas
Em nota, o CRM destacou que as UBSs, diferentemente das UPAs, não foram projetadas para atender casos de urgência e emergência. A entidade explicou que pacientes classificados como “verde” no protocolo de triagem, embora menos prioritários, ainda necessitam de atendimento em unidades mais equipadas, como UPAs e policlínicas.
“O prefeito tenta imputar a responsabilidade pelo caos vivido no sistema de saúde aos médicos, criando uma cortina de fumaça que desvia a atenção da falta de estrutura, organização e investimentos no setor. Isso coloca em risco a vida dos pacientes e aumenta a violência contra os profissionais de saúde, que já sofrem ameaças diariamente”, afirmou o CRM-MT.
O CRM-MT apontou ainda um “verdadeiro desmonte” da Atenção Primária em Cuiabá, mencionando a precariedade das UBSs. A entidade relatou que médicos dessas unidades não possuem equipamentos básicos e que pedidos de exames podem levar até três anos para serem realizados. No caso específico do bairro Pedra 90, o CRM ressaltou que as UBSs 3 e 4 estão em reforma há oito anos, sem previsão de conclusão.
Além disso, o Conselho criticou a ausência de ações efetivas da Prefeitura, como a contratação de empresas para realizar exames, e a falta de implementação de 100 novas equipes de Atenção Primária, cuja criação já foi autorizada.
“A comparação quantitativa entre o número de atendimentos realizados em UBSs e UPAs é irresponsável. Muitas consultas realizadas nas UBSs sequer são registradas por falhas no sistema usado pela Prefeitura”, informou a entidade.
Na última quarta-feira (22), Abílio Brunini anunciou que tomaria “medidas enérgicas” contra equipes de UBSs que, segundo ele, se recusam a atender pacientes de demanda espontânea. O prefeito criticou a baixa média de atendimentos nas unidades básicas e ameaçou substituir servidores que insistirem em recusar pacientes.
Durante o monitoramento, Brunini destacou a instalação de câmeras nas unidades de saúde para acompanhar o fluxo de pacientes. “Não podemos deixar as UPAs lotadas e as UBSs vazias. Precisamos utilizar melhor a estrutura disponível para atender a população com qualidade e eficiência”, afirmou.
O CRM-MT alertou que o comportamento do prefeito contribui para o aumento da violência contra médicos, mencionando que, em média, um profissional é vítima de agressão a cada três horas no Brasil. A entidade afirmou que responsabilizará Brunini por qualquer ameaça, injúria ou agressão praticada contra médicos na rede pública de saúde.